Os cabos submarinos de internet são os principais responsáveis por conectar o mundo digitalmente. Embora pouco visíveis, eles garantem mais de 99% da comunicação global. Neste artigo, você vai entender como funcionam, como são instalados e quais os riscos que envolvem essa infraestrutura crítica.
A internet global só existe graças a uma vasta rede de cabos submarinos, potencializados por fibra óptica e atravessando oceanos para conectar continentes. Esses cabos respondem por cerca de 99 % do tráfego mundial de dados, com os satélites representando apenas 1 % dessa comunicação agencia.marinha.mil.br
Esses cabos submarinos de internet são compostos por várias camadas para resistir ao ambiente submarino: no núcleo, fibras ópticas que transmitem sinal via pulsos de luz; esse núcleo recebe proteção com materiais como polietileno, fios de aço, cobre, nylon e armaduras de aço, especialmente próximas à costa — protegendo contra âncoras, redes de pesca e até ataques de tubarões.
O primeiro passo para a instalação desses cabos envolve um extenso trabalho de levantamento e planejamento. Equipes multidisciplinares — formadas por engenheiros, oceanógrafos, geólogos, geofísicos e técnicos ambientais — realizam estudos oceanográficos e mapeamento batimétrico, avaliando profundidades, relevo submarino, correntes, riscos sísmicos e impactos ambientais.
Todos esses dados são compilados e processados por softwares especializados, que determinam uma rota segura, eficiente e ambientalmente consciente, também respeitando legislações e tratados internacionais.
A fase seguinte de implantação acontece a bordo de navios especializados — verdadeiras embarcações projetadas com grandes bobinas na proa para desenrolar o cabo conforme avançam. Em águas profundas, o cabo é simplesmente depositado sobre o leito do oceano; em áreas costeiras ou rasas, é necessário enterrar ou proteger o cabo com sedimentos, “colchões de concreto” ou tubos articulados. Esse processo pode alcançar uma produtividade de 100 a 200 km por dia em mar aberto, mas se torna significativamente mais lento na costa.
Em áreas rasas ou de alto risco, o cabo pode ser enterrado de 1 a 3 metros de profundidade usando arados especializados ou jatos de água — muitas vezes operados por Robôs Submersíveis (ROVs) — ou mesmo veículos submersíveis controlados remotamente, que auxiliam na escavação, posicionamento e supervisão da instalação. Em profundidades extremas — como fossas oceânicas — são necessários cabos mais longos que o próprio trecho para compensar o ângulo de descida até o leito submarino.
Se bem construídos, esses cabos submarinos de internet têm uma vida útil média de cerca de 25 anos, mas demandam manutenção periódica. Inspeções com veículos subaquáticos, câmeras e sonares ajudam a identificar desgastes ou danos — casos em que trechos são retirados, reparados ou substituídos.
Projetos de instalação de cabos são extremamente dispendiosos — desde enrolar o cabo no navio (que pode levar semanas) até a operação completa no mar. São, em geral, financiados por consórcios de grandes empresas de tecnologia e telecom, como Google, Facebook (Meta), Microsoft e operadoras especializadas.
No Brasil, a Marinha, junto à Anatel e ao Ibama, é responsável pelo licenciamento das operações, seguindo normas de segurança do tráfego aquaviário e regulamentos ambientais.
Em resumo, os cabos submarinos de internet são estruturas tecnológicas fundamentais que permitem a comunicação global. Sua instalação demanda planejamento rigoroso, embarcações especializadas, equipamentos complexos e cooperação entre diversas áreas técnicas — tudo para garantir uma conexão estável, eficiente e segura entre países, por debaixo dos oceanos.